terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Se meu fusca falasse...

Fusca foi o primeiro carro por décadas. Era primeiro em tudo, em vendas, disparado, e o primeiro carro que se adquiria. Mamãe tinha um e foi nele que aprendi a dirigir, como quase todos nesta época. Morava em Cajazeiras e foi Seu Basto, motorista da prefeitura o professor, os alunos era eu e Anacleide. Tinha 15 anos. Mamãe ciumenta com seu carro só deixava a gente dirigir do lado do seu Bastos.

O registro da façanha no meu diário em GADERI
POLUTY, traduzindo: "EU DIRIGIR SÓ PELA
PRIMEIRA VEZ
"
Mas no dia 24 de janeiro de 1969,  a emoção foi tão grande que registrei, emocionado e orgulhoso no meu diário a proeza de pela primeira vez na vida dirigir sozinho. Claro que no fusca, num cochilo de Seu Bastos.
Vim para o Maranhão logo depois, cheguei a São Luís no dia 2 de março. Morava na Rua do Passeio e em frente ficava o Hospital Português que tinha um pátio grande, onde nós passamos a guardar os carros (um opala e o fusca), pelo fato da nossa casa ter uma garagem, mas apertada e vaga só pra um.
Mamãe sempre dizia: “aqui não é Cajazeiras” e com este argumento doído não me permitia dirigir. Só restou uma saída, rouba a chave e passear "ilegalmente". Assim foi até completar 18 anos e incontinenti providenciei a carteira. Papai ficou orgulhoso quando  no DETRAN no exame de baliza, entrei e sai dela da primeira vez.
Mas carro, nada! Papai tinha como política que, como ele, o filho teria que comprar o seu carro quando tivesse dinheiro, assim não faria besteira e zelaria pelo carro.
Comecei logo a trabalhar, claro que com horário reduzido, já era universitário, para não atrapalhar o desempenho escolar. Lembro-me cristalinamente do fusca vermelho que comprei, entrada de 347 mil cruzeiros, moeda na época, e 24 prestações de igual valor, financiado pela CPM, Companhia Progresso do Maranhão, com o aval de papai. Suei, mas paguei em dias todas as parcelas.
Esse fusca fez sucesso, eu era o único dos meus amigos a ter carro próprio. A maior confusão que me meti com ele, foi anos depois. Passeando pela Paraíba, vi em Campina Grande um opala com um dístico "interessante" discretamente impresso na  tampa do porta-luvas: “VIRGINDADE DÁ CÂNCER, VACINE-SE AQUI”. Maluco que era não titubeei com esta “bela idéia” e quando voltei já era carnaval, então mandei pintar em letras grandes nas duas portas do fusca, acrescido de vários dizeres: “Senhores pais, cuidado com as suas filhas”, “Meninas façam filas”, “Tudo grátis”. E assim cai na folia. O primeiro problema foi quando estacionei na porta da casa de um amigo e foi escorraçado pelo pai dele, aos berros exigindo respeito com as suas filhas.
Mas isto foi café pequeno. Na quarta-feira de cinza, papai abre o Jornal Pequeno e ler na primeira página: “Atenção, Polícia Federal! Circula na cidade um carro com dísticos cretinos, entre os quais: ‘VIRGINDADE DÁ CÂNCER, VACINE-SE AQUI’”, isto com a foto e placa do meu fusca. Hoje com a liberdade reinante parece bobagem, mas era época da ditadura militar e a hipocrisia “zelava pelos bons costumes”. Resultado foi que meu carro ficou preso na garagem lá de casa rque fazer uma pintura geral no carro e até mudança de cor, claro, por ordem de papai.
Claudiomar Filho na Austrália
Bom, voltando à política de não se dar carro a filho, segui à risca, até hoje nenhum filho gozou deste privilégio. O mais velho Claudiomar Filho em 1985 foi para a Austrália para uma temporada de oito meses, como universitário não trabalhava, banquei a viagem e fiz um acordo. Nas horas livres ele trabalhasse e fizesse uma poupança, para na sua volta ao Brasil, comprasse seu carro. Bon vivant e aventureiro, ele chegou a juntar quase dez mil dólares que daria para comprar um carro razoável. Que nada! Da Austrália me ligou e perguntou se eu não me opunha que ele fosse às Ilhas Fiji e à África do Sul. Por mim, tudo bem. Só um problema gastou a maior parte do dinheiro e adeus carro. Hoje ele tem, já formado pode comprar o seu carro, aliás, pagou R$ 18 mil, à vista, pelo Siena velho da mãe. Quer ler sobre a temporada australiana do Claudiomar Filho, clique aqui e veja o blog.
Caio na Alemanha
O Caio está na Alemanha para uma temporada de um ano. Mesmo acordo, trabalhar nas horas livres e fazer fundos para comprar o seu carro. Talvez este consiga, é menos aventureiro. Veja o blog dele.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Campina Grande

Quando me lembro de Campina Grande,
Peço notícias e você mande!


Tenho saudades de Campina Grande:
Da lagoa dos canários e do zé pinheiro,


Dos banhos do domingo no bodocongó,
De zacarias cotó, banho do louzeiro;


Lembrando a borborema passa o dia inteiro,
E vem o açude velho na imaginação...


Não esqueço as serenatas que fiz no imboca,
E das rodinhas de bióca com seu violão!

Quando me lembro de Campina Grande... 
Lembro ainda o Zé Iracema, "center-foward" do Paulistano em dia de jogo,
Com o Treze, velho galo lá da borborema... Que jamais teve problema, pegava fogo!
Tenho lembranças de Pedro Macaco, que só era homem fraco quando olhava o céu...
Não esqueço o Cine Apolo, o esfola bode, e como é que agente pode esquecer o pitel?
Quando me lembro de Campina Grande... 
Lembro ainda Cabo Marinheiro, que em cabra desordeiro dava de verdade;
Jamais esquecerei a prosa de Rozendo, e o picado cem por cento da liberdade...
Saudades de Cristino e de sua fruteira, também do pastoril de Chico Macaíba;

Carnaval de Neco Belo que não volta mais,
Que saudade de Campina Grande, Paraíba!


Quando me lembro de Campina Grande,
Peço notícias e você mande!


Tenho saudades de Campina Grande:
Da lagoa dos canários e do zé pinheiro,


Dos banhos do domingo no bodocongó,
De zacarias cotó, banho do louzeiro;


Lembrando a borborema passa o dia inteiro,
E vem o açude velho na imaginação...


Não esqueço as serenatas que fiz no imboca,
E das rodinhas de bióca com seu violão!

Quando me lembro de Campina Grande... 


















Quando me lembro de Campina Grande...