Inaugurada em 1960, a peixada mais antiga do distrito de Lima Campos já se tornou tradicional para visitantes de todos os rincões nordestinos
Chico Rolim com seus passos lentos adentra a peixaria. |
No Lima
Campos é distrito dom município de Icó, caminho obrigatório para quem segue
viagem para a cidade de Orós pela rodovia CE-153, estão as tradicionais
peixadas do Zeca e do Xixico. Restaurantes simples que oferecem peixes da água
doce. Esses estabelecimentos são referências no Ceará e atraem, ao longo do
ano, milhares de visitantes. Nesta época, em que chega a dobrar o número de
turistas oriundos da região e de outros Estados, a movimentação é par-ticularmente
intensa nos fins de semana.
Saborear a peixada na Vila de Lima Campos é uma tradição que se mantém desde a década de 1960. O peixe principal é o tucunaré, mas, nos últimos anos, a tilápia vem ocupando espaço. O cardápio inclui peixe frito, cozido, filezinho ao molho, pirão, porções de arroz, baião-de-dois e vinagrete. A mesa é farta e o preço é satisfatório. Uma peixada para duas pessoas custa R$ 20,00, mas, se o cliente preferir, pode saborear o rodízio ao preço individual de R$ 15,00.
Atualmente,
as duas peixadas funcionam lado a lado, em frente à praça principal da vila.
São instalações simples, de paredes conjugadas, com pouca ventilação, mas que
oferecem a iguaria de sabor próprio, apreciada pelos clientes.
O
restaurante mais an-tigo, que se mantém em atividade desde a década de 1960, é a
Peixada do Zeca, que pertence ao funcionário público aposentado José Gomes
Loiola. O Zeca da Peixada, como é conhecido, nasceu em Sobral, mas foi morar em
Lima Campos em 1966. Foi pescador e, em 1976, adquiriu do irmão, Francisco
Valdeberto Loiola, o restaurante.
No
ano passado, fez uma reforma na casa, que ficou mais ampla e com instalações
modificadas. "Sempre acreditei no sucesso da peixada e então dediquei a
minha vida a essa atividade", diz. Hoje, conta com a ajuda de dois filhos
e do trabalho de oito funcionários.
Fagner, nascido em Orós, grande frequentador do lugar |
O
empresário pre- fere não revelar o retorno financeiro da atividade. "Está
bom, mas o lucro é pequeno, por- que vendemos u- ma coisa só e o nosso prato é
ba- rato", explicou. "A- cho bom trabalhar, não me canso e estou
satisfeito porque quando o cliente termina de comer diz que a comida estava
gostosa, volta outras vezes e fala para outras pessoas sobre a nossa
peixada". As duas peixadas vendem em média 700 quilos de pescado por
semana neste período do ano.
No
início, o peixe era oriundo do Açude Lima Campos, mas, por conta do aumento da
demanda e da escassez de tucunaré nos reservatórios da região, passou-se a
comprar pescado do Pará.
O
peixe servido em Lima Campos é saboroso e o segredo está no modo de preparar,
em fogão velho, de ferro, a lenha, e por ser frito na hora. Tem o tempero da
culinária rústica sertaneja. Na cozinha dos restaurantes, cada funcionário tem
a sua atividade específica: tratar o peixe, fazer os pedacinhos de filé,
preparar o arroz, o baião-de-dois, cozinhar e fritar o pescado. A divisão de
tarefas facilita a produção e favorece a rapidez no atendimento a dezenas de
clientes. O filezinho foi levado no início da década de 1990, por Zeca, após
observar a técnica de filetagem de tucunaré em Orós. A ideia deu certo.