terça-feira, 10 de maio de 2011

Uiraúna

História

A história de Uiraúna está relacionada com o desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar no litoral paraibano, devido a concorrência com as Antilhas, que tornou a pecuária extensiva a base econômica do sertão, este fato favoreceu sua ocupação com a criação rotas e feiras de gado. Uiraúna por situar-se na divisa Paraíba-Rio Grande do Norte-Ceará foi ponto estratégico de ocupação.
Outro fator importante para a sua colonização foi o espírito expansionista da família D’ávilla que anexaram a seus domínios as terras banhadas pelo Rio do Peixe (Sousa, São João do Rio do Peixe, Uiraúna...), eles provinham da Casa da Torre na Bahia e exploraram grande parte do Nordeste brasileiro com o intuito de acumular capitais através da pecuária.
Tendo em vista o grande território conquistado pela Casa da Torre, os D’ávilla para que pudessem assegurar a ordem e impor a soberania de Portugal começaram a outorgar títulos de capitão-mor, sargento-mor e entre outros, com o intuito de estabelecer o domínio em suas terra, nomeavam também procuradores que lhes pagavam o foro e lhes serviam em troca de apoio e força junto ao governo colonial.
Há relatos que mostram que em 1601, o capitão-mor Antônio José da Cunha, vindo de Pernambuco, estabeleceu-se na região, onde hoje está situado o município, organizando fazendas de gado e conseguindo a amizade dos índios Icós pequenos que habitavam a região do Rio do Peixe e eram tribo dos Tapuias-Cariris.
Nessa conjuntura, pelos idos do século XVIII o território foi doado em forma de sesmaria ao alferes Alexandre Moreira Pinto e a João Nunes Leitão.
Vale destacar a importância do Rio do Peixe, que mesmo intermitente, revelou-se como importante meio de sobrevivência tanto para os índios quanto para os criadores de gado e seus respectivos escravos.
Na segunda metade do século XIX os senhores João Claudino de Galiza, Henrique Caetano de Galiza, Claudino Coutinho de Galiza e Joaquim Duarte Coutinho fixaram-se na região e deram-lhe o nome de Belém do Arrojado, em 1872.
Por volta de 1874 foi fundada uma modesta capelinha pelo Padre José Joaquim de França Coutinho (filho de Joaquim Duarte Coutinho e França Caetano Coutinho) que havia se ordenado no Seminário de Olinda e regressado com o objetivo de construir a ermida. No mesmo local onde foi construído a capela, encontra-se, atualmente, a Igreja Matriz Jesus, Maria e José, a padroeira do município é a mesma desde do século XIX.
Pelo trabalho e amor a terra natal, o Padre França é considerado o fundador do município, sendo em 1940, erguido uma estátua em sua homenagem na praça e rua que levam seu nome.
Padre França
Paralelamente a vinda dos criadores de gado ao sertão, nascia no Brasil, sobretudo nos estados do Nordeste e do Sul, uma nova classe de trabalhadores, os tropeiros, que tinham papel de extrema importância para as vilas e cidades do interior, pois na ausência de caminhões (que fora inventado em 1896, mas por ter altíssimo custo só chegaria ao Brasil décadas depois) eles iam na condução das tropas de mulas buscar em outras cidades produtos que o interior necessitava. Os tropeiros uiraunenses eram conhecidos por “Tropeiros do Sertão” e geralmente iam ao Cariri cearence e a Mossoró na busca de rapadura, algodão e de farinha.
Duarante a República Velha o município foi palco de duas grandes rebeliões famosas até hoje, são elas a Coluna Prestes e Lampião. A Coluna Miguel Costa-Prestes, mais conhecida por Coluna Prestes foi um movimento político-militar que pregava a insatisfação com a República Velha, a exigência do voto secreto e a defesa do ensino público, liderada por Luís Carlos Prestes a rebelião passa pela terra de Padre França, primeiramente pela comunidade de Aparecida, logo após chega a Luís Gomes e depois voltando a terras uiraunenses vai ao Olho d'Água Seco, depois para Santa Umbelina e também para Quixaba, quando parte em direção ao município de Vieirópolis. Lampião foi o mais famoso cangaceiro da história do Brasil, em Uiraúna suas visitas (1927) foram consideravelmente rápidas e tanto na primeira como na segunda fez o mesmo trajeto. Um fato curioso a se comentar que foi a partir da recuada de Lampião na região que começou a perder nas suas batalhas até que onze anos depois fosse morto.
Nesse período também aconteceu um fato que influenciou a formação cultural do município, foi a Revolta do Juazeiro, que consistia num confronto armado entre as oligarquias cearenses e o governo federal provocado pela interferência do poder central na política estadual, ou seja, em 1911 o prefeito de Juazeiro do Norte o Padre Cícero resolveu não aceitar algumas ordens do governo federal, em resposta o governo enviou tropas instaurando um verdadeiro conflito em todo interior cearense, então várias pessoas com medo do que poderia acontecer se refugiaram em outras cidades, assim quatro músicos da cidade de Missão Velha vieram parar em Uiraúna e em busca de emprego procuraram Padre Costa que juntos tiveram a idéia de ensinar música aos uiraunenses, desse modo nascia em 1914 a Banda Costa Correia, que hoje se chama Banda de Música Jesus, Maria e José e dá ao município o título de terra dos músicos.
Os tempos de ouro do município ocorreu durante o cultivo do algodão. Foram os criadores de gado do século XIX que deram a grande contribuição para o seus desenvolvimento nessas terras. O "ouro branco", como era chamado antigamente se adequou perfeitamente ao solo uiraunense e paraibano, e como houve alta produção várias usinas algodoeiras vieram a Uiraúna, como a SAMBRA e a ALGASA. A cidade vivia do algodão e seu desenvolvimento veio através dele, trazendo até bancos como o PARAIBAN, a Caixa Econômica Federal e o Bradesco, mas um inseto originário da América Central, o bicudo, infestou todo o Brasil trazendo altíssimos prejuízos para a cidade como principal exemplo o fim de todas essas empresas citadas acima e a perda de toda produção, levando Uiraúna e todo o Brasil a uma grave crise.

[editar] Emancipação política

Dr. Osvaldo oficializando a emancipação
Panfleto em que Dr. Osvaldo anuncia a emancipação do município
De acordo com as divisões territoriais de 31 de dezembro de 1936 e de 31 de dezembro de 1937, bem como o quadro anexo ao Decreto Lei 1.010, de 30 de março de 1938, o território de Uiraúna figurava como Distrito de São João do Rio do Peixe.
Em 15 de novembro de 1938 o distrito de Belém passava-se chamar Canaã.
A luta pela autonomia política começou por volta de 1942, sendo concretizada somente em 2 de dezembro de 1953, sob Lei Estadual de número 972. Assinada pelo então governador da Paraíba, José Fernandes de Lima, a lei previa a instalação oficial do município a 27 de dezembro do mesmo ano. Nesta data foi empossado o primeiro prefeito, o norte riograndense Adolfo Rodrigues.
O principal defensor da autonomia foi Osvaldo Bezerra Cascudo, com a contribuição do então deputado estadual Fernando Carrilho Milanez.